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A Psicologia Sócio-Histórica na formação de psicoterapeutas

Simone Marangoni

Instituto de Psicologia Aplicada e Formação em Lisboa – (Portugal)

Joaquim Maria Quintino Aires

Universidade Nova de Lisboa (Portugal)


Resumo

A formação de psicólogos clínicos fundamentados na abordagem Sócio-Histórica é uma nova alternativa na realidade brasileira. É uma nova perspectiva e alternativa no sentido de substituir as concepções tradicionais e de suprimir a dicotomia objetividade / subjetividade encontrada na maioria das abordagens, principalmente quando o foco é a psicoterapia. A contribuição do modelo clínico Relacional Dialógico, desenvolvido por Maria Rita Mendes Leal, possibilita, aos profissionais do IPAF - Instituto de Psicologia Aplicada e Formação, discutir a formação de psicólogos clínicos e psicoterapeutas Sócio-Históricos.

Palavras Chave: Psicólogos Clínicos, Abordagem Sócio-Histórica, Modelo Relacional Dialógico.

Abstract

The training of clinical psychologists supported in the Social-Historical approach is a new alternative, in the Brazilian reality. It is a new perspective and alternative in the sense of replacing the traditional conceptions, suppressing the dichotomy objectivity / subjectivity found in most of the approaches, mainly when the focus is the psychotherapy. The contribution of the Dialogical Relational Model created by Maria Rita Mendes Leal permits the psychotherapist of IPAF – Institute of Applied Psychological and Training to discuss the training of the Social Historical clinical psychologist and psychotherapist.

Key words: Clinical Psychologist, Social-Historical Approach, Dialogical Relational Model.


O intuito desse trabalho é apresentar e discutir a formação dos psicólogos clínicos e psicoterapeutas utilizando como fundamentação teórica à abordagem Sócio-Histórica e o Modelo Clínico Relacional Dialógico. Porque o IPAF – Instituto de Psicologia Aplicada e Formação, em meados de 2002, iniciou essa formação no Brasil e até o presente momento é o único instituto a formar profissionais nessa perspectiva.

O IPAF e os profissionais que nele trabalham encontram nas idéias de L. Vygotsky, A. R. Luria, A. Leontiev e Maria Rita M. Leal subsídio para a compreensão do indivíduo psicológico.

Maria Rita Leal é portuguesa, nasceu em 1921 e até o presente momento tem desempenhado um papel importante na Psicologia Clínica com o Modelo Relacional Dialógico em Portugal e Brasil.

Vygotsky e a Psicologia Sócio-Histórica têm sua história marcada, no Brasil, na formação de educadores, em trabalhos sociais e na Neuropsicologia, no entanto a ênfase dessa abordagem na atuação clínica e na formação de psicólogos e psicoterapeutas é uma nova alternativa, na realidade brasileira.

É uma nova perspectiva e alternativa no sentido de substituir as concepções tradicionais e de suprimir a dicotomia objetividade / subjetividade encontrada na maioria das abordagens, principalmente quando o foco é a psicoterapia.

A concepção do indivíduo como um ser ativo, social e histórico são premissas básicas para entender o ser humano e sua capacidade de perceber e interagir com mundo e com a realidade que o cerca. Compreendendo, portanto, o ser humano e a sua construção de sentidos.

Os alicerces principais da formação de Psicólogos Clínicos e Psicoterapeutas que fundamentam a formação dos profissionais são:

Esses são os alicerces que norteiam a formação clínica. Segundo essa fundamentação, o modelo clínico Relacional Dialógico (a construção do eu-outro e realidade), baseado nos trabalhos de Maria Rita Mendes Leal, disponibiliza instrumentos para entender o desenvolvimento psíquico e emocional dos indivíduos, do nascimento até a “adultez” psicológica, bem como desenvolver um pensamento crítico a respeito da visão naturalista e estruturalista do psiquismo humano, visão esta, enraizada na história da formação dos psicólogos no contexto brasileiro.

A intersecção dos modelos permite integrar a abordagem Sócio-Histórica no contexto da Psicologia Clínica e na Psicoterapia.

Portanto o objetivo da formação de psicólogos clínicos e psicoterapeutas segundo essa concepção teórica são:

O psicoterapeuta, especialista em saúde mental, fundamentado nessa abordagem necessita desenvolver consciência crítica a respeito do seu papel e construir uma identidade profissional fortalecida, pois sua atuação é interventiva e transformadora. Por esse motivo a proposta de formação foca a construção da identidade e a consciência do trabalho que delineiam ativamente a atuação do psicólogo.

A identidade é compreendida como um resultado da construção do indivíduo, as relações sociais estabelecidas por ele durante toda a vida, e o modelo social no qual está inserido, pois este social fornece as regras e normas de conduta nos diferentes contextos. Entendem a consciência como atividade social do homem ligada ao trabalho, e enfatizam que ela só aparece nesse processo.

Mesmo a consciência sendo subjetiva, não existe sem a realidade objetiva, pois o conteúdo do mundo interior, subjetivo, é reflexo modificado dessa realidade objetiva e as construções desse mundo se concretizam através da atividade do homem no meio social, ou seja, a identidade e consciência são um processo de construção recíproco e alternante entre indivíduo e o meio social que está inserido.

De acordo com esses conceitos, a formação é voltada para o desenvolvimento da consciência crítica e da atividade transformadora, direcionada tanto para a produção científica como e, principalmente, para a atuação profissional.

O psicoterapeuta atuando no consultório, na escola ou em qualquer instituição deve ter a responsabilidade da intervenção direcionada para produzir transformações no outro e no meio social ao qual está inserido.

A intervenção do psicólogo é vista como trabalho, ou seja, como emprego de energia de forma intencionada para produzir transformações no meio.

Na psicoterapia nessa postura se desencadeia como um processo de construção de sentido e transformação. O indivíduo em contato com o outro (psicoterapeuta) é capaz de construir sentido e resignificar o seu modo de pensar, sentir, agir e estar no mundo.

O psicoterapeuta é, portanto, um mediador da relação eu-outro-realidade com a utilização das técnicas psicológicas, no intercâmbio do diálogo recíproco e alternante. (AGORA TU - AGORA EU). O psicoterapeuta tem que ser capaz de “se emprestar na relação” EU–OUTRO (psicólogo/cliente), conforme descreve Leal para propiciar o desenvolvimento psíquico e emocional do cliente.

Essa intervenção relacional possibilita uma atuação objetiva na realidade atual, bem como uma intervenção histórica dos homens inseridos na sociedade, pois possibilita a resignificação da identidade, da consciência crítica e da cidadania refletindo na ação do indivíduo no meio social.

Para isso a construção da identidade profissional do psicólogo clínico e psicoterapeuta devem estar fortalecida para não gerar insegurança do seu papel profissional.

Nesse sentido, a formação de psicólogos clínicos tem como eixo principal à profissionalização sustentando uma atuação profissional especializada e qualificada, para promover, ainda mais, a Psicologia como ciência e profissão.

Referências Bibliográficas





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