Neste estudo objetivou-se a)investigar a configuração da rede de relações sociais(RRS) de adultos e a satisfação relatada quanto às suas relações; b)verificar sua satisfação com a vida(SV); c)descrever a relação entre a rede de relações e a SV. Participaram 90 pessoas, com idade entre 25 e 85 anos. Instrumentos: aplicados em entrevista, foram: a)questionário identificação; b)diagrama RRS; c)questões sobre satisfação em relação às relações sociais; d)escala de SV. Resultados: A análise descritiva dos dados indicou que em média 4 pessoas fazem parte da rede social dos adultos. Os participantes relataram estar muito satisfeitos com sua rede de relações sociais, elevado grau de satisfação com a vida e expectativa positiva com relação à vida futura. As pessoas que apresentam maior satisfação com a vida hoje são aquelas que recebem mais suporte afetivo, as pessoas que contam com outras para suporte instrumental, acreditam que estarão mais satisfeitas no futuro.
Palavras-chave: Relações sociais, Satisfação com a vida, Apoio social, Gerontologia
Los propósitos: Esta investigación examinó la configuración de la red social del adulto y su satisfacción con sus relaciones sociales y su satisfacción de vida. Nosotros llevamos a cabo una investigación con 90 adultos con la edad entre 25 y 85 años que contestaron los instrumentos: a) questinario de identificación; b) diagrama de la red Social; c) preguntas complementarias sobre la satisfacción de la red social; d) escala de médicion de satisfacción com la Vida. El análisis descriptivo indicó que 4 personas (media) ara parte de la red social de los adultos. Los participantes dijeron estar muy satisfechos con su red de la relación social. La mayoría de los participantes dijo niveles altos de satisfacción de vida, expectativa positiva con la vida en su futuro. Las personas que presentan la satisfacción de vida más grande actualmente aran aquéllos que reciben el apoyo afectivo, las personas que la cuenta del perro en otros para el apoyo instrumental cree que ellos serán que vive satisfecho vive en el futuro. La red social ara fuentes importantes de apoyo social y ara relacionado al sentido del bienestar subjetivo.
Palabras clave: relaciones Sociales, satisfacción de Vida, apoyo social, Gerontología
Purposes: This investigation examined the adult's social network configuration and their satisfaction with their social relationships and their life satisfaction. We carried out an investigation with 90 adults with age between 25 and 85 years, who answered the instruments: a)identification questionnaire; b)Social network diagram; c)complementary questions about social network satisfaction; d)Life satisfaction scale. The descriptive analysis indicated that 4 persons (on average) are part of the adults' social network. The participants told to be very satisfied with their social relationship network. Most of the participants told high levels of life satisfaction, positive expectation with life in their future. The people that present larger life satisfaction current are those that receive more affective support, the persons who can count on others for instrumental support believe that they will be more satisfied in the future. The social network are important sources of social support and are related to the subjective well-being's sense.
Key words: Social relations,Life satisfaction,social support, Gerontology
As redes de relações sociais e o apoio social são tópicos atuais dentro da Psicologia, particularmente no que se refere as contribuições ao bem-estar de adultos e idosos (NERI, 2004). O interesse dos estudos sobre suporte social vem aumentando a partir da década de 1970, tendo em vista particularmente a relação entre suporte social e indicadores de presença/ausência de diversas doenças, bem como a relação de suporte com as previsões de diagnóstico e restabelecimento da pessoa (MATSUKURA, MARTURANO e OISHI, 2002).
Capitanini (2000), revisando a literatura, descreve que autores afirmam que o suporte social ajuda a aumentar a competência adaptativa, através do manejo das emoções, de orientação afetiva e cognitiva e de retro-informação. A literatura sobre relações sociais no ciclo vital consagrou o uso dos conceitos de suporte social e de rede de suporte social. A expressão suporte social diz respeito aos aspectos funcionais das relações sociais, ligados à adaptação dos seus membros. As expressões rede social e rede de suporte social são relativas aos seus aspectos estruturais.
As teorias que abrangem o desenvolvimento adulto pressupõem que há regularidades no ciclo da vida, onde se processam mudanças e que se tratam de adaptações cumulativas a eventos biológicos, psicológicos e sociais (ERBOLATO, 2001). Crescem as evidências de que as relações sociais contribuem para o senso de bem-estar ao longo do ciclo vital (FREIRE, RESENDE e RABELO, 2004).
As habilidades sociais são fundamentais para que a pessoa viva melhor em sociedade, possibilitando a sobrevivência do indivíduo e da espécie, por meio delas, aprendem-se formas de comunicação e regras para convívio, adquirindo conhecimento acerca de si e do mundo e dando-lhe significação, é possível construir uma identidade. Embora, na velhice, já tenham sido aprendidas muitas habilidades de que se necessite para bem viver, o contato com outras pessoas mantém-se imprescindível em qualquer época da vida.
Na vida adulta, adulto jovem, meia-idade e velhice, há pressões sociais exercem grande influência, ou seja, comportamentos socialmente aprovados, papéis apropriados e esperado em diferentes idades, vinculando-se além da idade à gênero, estado civil, profissão, etc (ERBOLATO, 2001). A idade está associada à mudanças normativas de comportamento, esperadas e freqüentemente antecipadas e planejadas, que exigem igualmente mudanças no autoconceito, incorporação de novos papéis sociais e requerem adaptações (KIMMEL, 1990).
As características do indivíduo e da situação influenciam o número, a natureza e os tipos de relações sociais, que por sua vez interferem no bem estar e na saúde global das pessoas. Segundo o modelo comboio de relações sociais (KAHN e ANTONUCCI, 1980) e a teoria da seletividade socioemocional (CARSTENSEN,1995), durante toda a vida, o indivíduo tende a manter estável o tamanho da rede social, assim como o grau de importância de seus componentes (NOGUEIRA, 2001).
Para Erbolato (2001), os relacionamentos sociais são interações freqüentes, com certa durabilidade no tempo e certo padrão. Abrangem sentimentos positivos e negativos, percepção de si e do outro, diferentes graus de envolvimento afetivo e intermináveis intercâmbios. Segundo Nogueira (2001), relações sociais significativas permitem o desenvolvimento do self, dão sentido às experiências e podem oferecer apoio, importantes elementos no processo de adaptação, principalmente em momentos de transição da vida adulta.
O engajamento em atividades sociais tem sido associado ao aumento do senso de bem-estar em adultos, bem como melhora no funcionamento físico (EVERARD et al., 2000). As redes sociais parecem ser fontes protetoras e mantenedoras de saúde (MATSUKURA, MARTURANO e OISHI, 2002), o relacionamento fortalece a saúde, uma vez que, os laços sociais podem estimular o senso de significado ou coerência na vida, neste sentido, o suporte emocional pode ajudar a minimizar o estresse (PAPALIA e OLDS, 2000). As pessoas que estão em contato com os outras podem ser mais inclinadas a ter hábitos saudáveis, a ajuda dada ou recebida contribui para o aumento de um sentido de controle pessoal, tendo uma influencia positiva no bem-estar psicológico (RAMOS, 2002). O suporte social que as redes sociais oferecem, reduz o isolamento e aumentam a satisfação com a vida das pessoas (CARVALHO et al., 2004).
Andrade e Vaitsman (2002) relatam que uma das maneiras pelas quais podem ser compreendidas as influências positivas da rede social na saúde é quando há referências à ações terapêuticas prolongadas, durante vida toda a vida existe a constatação de que a convivência entre as pessoas favorece comportamentos de monitoramento da saúde, comportamentos corretivos, tais como: rotina de dieta, exercícios, sono, adesão a regime medicamentoso e cuidados com a saúde em geral. Assim, as relações sociais também contribuem para dar sentido à vida, favorecendo a organização da identidade através da inter-relação entre as pessoas.
As relações sociais são dinâmicas por natureza. Variam de pessoa para pessoa, de situação para situação e conforme o tipo de interação (DESSEN e BRAZ, 2000). Os relacionamentos sociais, tão importantes para os indivíduos em todo o ciclo vital, têm pesos diferentes de acordo com a época de vida das pessoas, dependendo do gênero, do status conjugal, da presença ou da ausência de filhos, do tipo de arranjo domiciliar, da personalidade, de questões culturais, educacionais e políticas e do contexto como um todo. Além disso, é preciso lembrar que estes aspectos se combinam aos efeitos da estrutura e da função da rede social, em diferentes momentos da vida (PAPALIA e OLDS, 2000).
Há várias categorizações do suporte social oferecido e recebido nas redes de relações sociais. Segundo Sluzki (1997 apud TEIXEIRA, 2002), com relação às funções da rede social, podem ser definidas em termos de: companhia social, apoio emocional, guia cognitivo e conselhos, regulação social, ajuda material e serviços, e acesso a novos contatos. Carvalho et al. (2004) descrevem suporte social em cinco dimensões: a)suporte emocional: sentimentos, estima, aceitação, apoio e segurança; b)suporte instrumental: ajuda concreta em termos de serviços específicos; c)assistência material: prestação ou troca de bens tangíveis; d)suporte informativo: informações e conselhos para maior compreensão dos problemas; e)suporte de convívio social: atividades sociais que visam um maior bem-estar.
O grau de adaptatividade de uma relação ou de uma interação social específica, por exemplo um conselho, ou confidência, ou ajuda instrumental, depende do contexto relacional e situacional, assim como das necessidades e preferências do indivíduo. Em termos gerais, reflete as necessidades, as capacidades, os valores e as atitudes do indivíduo. A interação de eventos do contexto e das características pessoais desempenha papel crítico na compreensão da adaptação social dos mais velhos (LAWTON, 1989).
Assume-se teoricamente que as relações sociais que uma pessoa tem ou desenvolve ao longo de seu ciclo vital guardam entre si relações hierárquicas, o que lhes confere características de rede. O grau de significado da rede de relações sociais está relacionado à avaliação que a pessoa faz sobre a natureza das suas relações (Exs: formais x informais, com familiares x amigos, íntimas x distantes) e ao grau em que elas suprem as suas necessidades. Entram na avaliação critérios de quantidade de pessoas que fazem parte da rede, o tipo de interação que proporcionam (Exs: afetivas, informativas ou instrumentais) e grau de desejabilidade dos relacionamentos e das interações (Exs: de livre escolha x compulsórias, agradáveis x desagradáveis, funcionais x disfuncionais) (CAPITANINI, 2000).
Os elementos chave do suporte social são dar e receber e, de acordo com Ramos (2002), receber e poder dar suporte a outras pessoas beneficiam psicologicamente e enriquecem o sentimento de auto-valorização das mesmas. A definição de suporte social, como qualquer informação ou ação de um semelhante que, contribui para que o indivíduo acredite que é cuidado, amado, estimado e valorizado, e que pertence a uma rede de relações e obrigações comuns e mútuas (CARVALHO et al., 2004). O apoio social refere-se a avaliação generalizada que o indivíduo faz dos vários domínios da sua vida em relação aos quais julga que é querido e que lhe reconhecem valor, à avaliação que faz da disponibilidade dos outros próximos e da possibilidade de à eles recorrer quando precisarem (SILVA et al., 2003).
Vale ressaltar que o suporte social deve ser compreendido como um processo recíproco, isto é, que gera efeitos positivos tanto para quem recebe como para quem oferece o suporte, permitindo que ambos tenham maior sensação de controle sobre suas vidas (MINKLER, 1985 apud CHOR et al., 2001).
Capitanini (2000) relata também que redes de suporte social são conjuntos de pessoas que mantém entre si laços típicos das relações que envolvem dar e receber, permitindo-lhes manter a identidade social, receber apoio emocional, ajuda material, serviços e informações, bem como estabelecer novos contatos sociais. Elas podem ser categorizadas quanto às suas propriedades estruturais, como por exemplo: tamanho, estabilidade, homogeneidade, simetria, complexidade e grau de ligação entre seus membros. Podem ser vistas quanto à natureza das relações, por exemplo, formais x informais, envolvendo amigos x familiares x vizinhos x colegas. Segundo Kahan e Antonucci (1980) as redes de suporte social desenvolvem-se ao longo da vida como resultado de experiências, expectativas e significados relativos dos vários tipos de relação em que a pessoa se envolve. Elas são hierarquizadas e nos seus diversos níveis incluem-se os membros da família, os amigos, o cônjuge, os companheiros de trabalho e os profissionais com que cada pessoa se relaciona no curso de vida e em momentos específicos dela.
Segundo Griep et al. (2003), apoio social trata-se de um sistema de relações formais e informais pelas quais os indivíduos recebem ajuda emocional, material ou de informação para enfrentarem situações geradoras de tensão emocional. Trata-se de um processo recíproco, ou seja, que gera efeitos positivos tanto para o sujeito que recebe, como também para quem oferece o apoio, permitindo que ambos tenham mais sentido de controle sobre suas vidas. Desse processo se aprende que as pessoas necessitam umas das outras.
As redes de suporte e os comboios de relações sociais podem ser avaliados em termos quantitativos, ou seja, em termos do número e da freqüência de contatos, e também da qualidade de relacionamentos, associada aos tipos de trocas que proporcionam e à satisfação auferida com elas. Segundo Erbolato (2002) o comboio tem um efeito protetor sobre o indivíduo, ajudando-o a preservar sua autoestima, seu senso de controle sobre os eventos e seu senso de eficácia, proporcionando-lhe sentimentos de bem-estar. Embora sejam bem conhecidos os efeitos positivos da quantidade de contatos sociais, a qualidade está mais relacionada com a saúde emocional e a qualidade de vida percebida, principalmente na velhice, quando o número de contatos sociais é mais restrito (GOLDSTEIN, 1998).
Os contatos sociais permitem engajamento social, que também é uma forma de se vivenciar o desenvolvimento, na idade adulta, de maneira bem sucedida. O apoio social deve ser compreendido como uma experiência pessoal e subjetiva que leva a um maior senso de satisfação com a vida. Silva e al. (2003) sugerem a existência de uma relação entre apoio social e uma variedade de medidas dependentes: saúde, adaptação psicológica, percepção de bem-estar, redução do mal estar, longevidade e mortalidade, satisfação com a vida, entre outros.
A satisfação com a vida é uma das medidas do bem estar psicológico, que reflete a avaliação pessoal do indivíduo sobre determinados domínios. Um aspecto essencial do bem estar psicológico é a capacidade de acomodação às perdas e de assimilação de informações positivas sobre o self, um sistema composto por estruturas de conhecimento sobre si mesmo e um conjunto de funções cognitivas que integram ativamente essas estruturas ao longo do tempo e ao longo de várias áreas do funcionamento pessoal (NERI, 2001a).
Albuquerque e Trócolli (2004) afirmam que a satisfação com a vida é um julgamento cognitivo de algum aspecto específico na vida da pessoa; um processo de juízo e avaliação geral da própria vida; uma avaliação sobre a vida de acordo com um critério. O julgamento da satisfação depende de uma comparação entre as circunstâncias de vida do indivíduo e um padrão por ele escolhido.
Enquanto subjetiva, a avaliação da satisfação com a vida reflete as expressões de cada pessoa quanto a seus próprios critérios de satisfação com a vida como um todo e em domínios específicos, como saúde, trabalho, condições de moradia, relações sociais e outros. Assim, reflete o bem estar individual, ou seja, o modo e os motivos que levam as pessoas a viverem suas experiências de vida de maneira positiva (DIOGO, 2003).
Segundo Freire (2000), a vida pode ser satisfatória, com qualidade e bem-estar, especialmente quando há disposição para enfrentar os desafios da vida, lutar pelos direitos dos cidadãos e pôr em prática projetos viáveis dentro das condições pessoais e do meio ambiente em que se vive, particularmente quando a pessoa conta com uma rede de suporte social.
Erbolato (2001) investigou as mudanças na amizade e presença de amigos nas redes sociais de 36 adultos, divididos em três grupos: adultos jovem, na meia idade e velhos, e encontrou diferenças por gênero e faixa etária, em: definições, características e funções da amizade, nos tamanhos das redes de suporte, na presença de amigos nas redes, na sua importância enquanto fontes de alguns suportes sociais previamente escolhidos, e nas percepções de agência no início e término das amizades.
Nogueira (2001) descreve e analisa a configuração da rede social na vida adulta, num estudo comparativo com 150 homens e 150 mulheres pertencentes a três grupos etários: adultos jovens (25-35 anos), que eram na maioria casados, trabalhadores e com nível educacional médio ou superior; adultos de meia-idade (45-55 anos), casados, trabalhadores e com nível educacional fundamental ou médio; idosos (65-75 anos), a maioria dos quais eram casados, tinham nível educacional fundamental e estavam aposentados. Os sujeitos foram entrevistados sobre o tamanho, a natureza e as funções da rede de relações sociais, assim como sobre a satisfação com ela. Utilizando um diagrama da rede social foram obtidas informações sobre: o número de pessoas na rede, a idade, o gênero, o tipo de relacionamento e o grau de proximidade afetiva dos componentes da rede social. Foram identificadas as fontes principais de apoio emocional, instrumental e informativo, e avaliada a satisfação com a própria rede social atual, quando comparada com a rede de pessoas da mesma idade e com o número de componentes. Foram feitos testes estatísticos sobre a significância das diferenças entre grupos de gênero e idade. O número médio de componentes foi de 15 pessoas. Os jovens relataram a maior rede (M=19) e os idosos a menor (M=12). Havia mais mulheres do que homens nas redes, mas os homens citaram mais homens e as mulheres, mais mulheres. Os jovens citaram mais pessoas mais velhas e de meia-idade e os idosos mais pessoas mais novas. As mulheres se dão mais com pessoas mais novas do que os homens. Os idosos relataram possuir mais relacionamentos muito próximos afetivamente do que os demais sujeitos. As redes dos idosos e dos de meia-idade privilegiaram relações familiares. O cônjuge foi apontado como importante fonte de apoio por homens de meia-idade; os filhos principalmente pelas mulheres de meia idade e idosas. Os jovens apontaram mais amigos do que os outros grupos. As mulheres foram as mais indicadas como fonte de apoio emocional e instrumental; para o apoio informativo, os homens citam mais homens e as mulheres, mais mulheres. As pessoas escolhidas como a principal fonte de apoio emocional, instrumental e informativo são as muito próximas em termos afetivos. A satisfação com o número de pessoas na rede, com a rede quando comparada com a de outras pessoas da mesma idade, foi alta em todos os grupos. A satisfação com a rede atual foi mais alta entre os idosos, principalmente entre as mulheres idosas. Os dados foram interpretados na perspectiva de desenvolvimento ao longo da vida, levando-se em conta normas e papéis etários.
Erbolato (2004) em pesquisa 12 voluntários de ambos os sexos, com idades entre 65 e 75 anos, com investigou a composição das redes sociais de idosos e a presença de provedores de suporte social psicológico nas mesmas, através do Diagrama de Kahn e Antonucci para análise dos aspectos estruturais das redes (tamanho e composição) e uma entrevista sobre seus aspectos funcionais, para identificar provedores de quatro tipos de suporte psicológico previamente selecionados: comunicação prazerosa, auto-revelação, segurança e apoio emocional. Os resultados, tratados qualitativa e quantitativamente, mostraram redes compostas principalmente por membros mais jovens (filhos, netos, genros e noras), por familiares diretos (descendentes) ou indiretos, companheiro(a) e amigos de mesmo sexo, que se revezavam no provimento dos suportes citados, com diferenças por gênero. A autora concluiu que, na amostra estudada, as redes sociais mostram-se eficazes na manutenção da qualidade de vida na velhice, permitindo oportunidades de comunicação prazerosa, confidência (auto-revelação), sentimentos de segurança e apoio em situações críticas. Familiares/companheiros perdidos são substituídos por parentes novos, não consangüíneos, ou por amigos íntimos, sugerindo um esforço adaptativo para manter as redes funcionais.
Resende et al. (2004) descreveram e analisaram a configuração da rede social e a satisfação relatada com a rede social de 25 mulheres participantes de um grupo de convivência, com mais de 50 anos, a maioria casadas (40%) ou viúvas (44%), com ensino fundamental (68%), aposentadas (60%). Os instrumentos utilizados foram: a)questionário de caracterização dos sujeitos, b)Diagrama da rede social (número de pessoas na rede, idade, gênero, tipo de relacionamento e grau de proximidade afetiva dos componentes da rede social), c)Questões sobre a satisfação com a própria rede social atual, d)ficha de observação do processo grupal. A análise descritiva dos dados indicou que em média são colocadas 14 pessoas, sendo a maioria mais novas, mulheres, de relações próximas e familiares, sendo consideradas muito importantes e mais próximas afetivamente uma média de 6,2 pessoas (dp=3,4), muito importantes e menos próximas 4,2 (dp=2,7) e importantes e mais distantes 4,0 (dp=3,2). A maioria das participantes apresentam-se muito satisfeitas com seu envolvimento social atual (72,0%), com seu envolvimento social comparado com outras pessoas de sua idade (64,0%) e com o número de pessoas de sua rede social (48,0%).
Freire, Resende e Rabelo (2004) investigaram a configuração da rede de relações sociais de idosos freqüentadores de centros sócio-educativos com relação ao tamanho, à função e a natureza da rede, e a satisfação dos mesmos com essas relações. A análise descritiva dos dados indicou que com relação ao tamanho e natureza da rede, são consideradas muito importantes e mais próximas afetivamente uma média de 5,4 pessoas, sendo 83,7% familiares, 55,8% mulheres e 84,1% mais jovens. São muito importantes e menos próximas a média de 3,6 pessoas, sendo 53,5% familiares, 73,5% mulheres e 74,8% mais jovens. As pessoas importantes e mais distante são em média 2,8 pessoas, 52,2% familiares, 76,9% mulheres e 56,1% mais jovens. No que diz respeito à função da rede social, em relação ao apoio emocional encontrou-se que 49,0% são familiares, 66,9% mais jovens e 83,5% mulheres. Quanto ao apoio instrumental, 84,1% são familiares, 78,8% mais jovens e 50,9% mulheres. Em relação ao suporte informativo, 55,2% são familiares, 67,2% mais jovens e 60,8% mulheres. Em média, 4 pessoas fazem parte da rede social como um todo e pode-se dizer que os participantes obtém suporte emocional, instrumental e informativo principalmente de familiares, mulheres e pessoas mais jovens. Relataram estar muito satisfeito com seu envolvimento social hoje (67,9%), com seu envolvimento social quando comparados com outras pessoas da mesma idade (66,0%) e com o número de pessoas que compõem sua rede social (66,0%).
Braga, Cardoso e Resende (2005), em pesquisa com 42 idosos, com idade média de 74 anos, a maioria mulheres (73,8%), viúvas (69,0%), que sustentam-se por renda própria (90,5%), e vivem sozinhas, em média, a 15 anos e têm 3 filhos, buscaram conhecer a satisfação com a vida, investigar a rede de relações sociais de idosos que vivem sozinhos e a satisfação com a rede, averiguar o grau de solidão que idosos que vivem sós apresentam, através de: a)questionário identificação; b)diagrama rede de relações sociais; c)questões sobre satisfação em relação às relações sociais; d)escala de satisfação com a vida; e)escala multifatorial de solidão. Encontraram que em média 3 pessoas fazem parte da rede social dos adultos, sendo consideradas muito importantes e mais próximas afetivamente em média 4 pessoas (dp=2,2), muito importantes e menos próximas 3 (dp=1,9), importantes e mais distantes 2 (dp=1,9). Os participantes relataram estar mais ou menos satisfeitos com seu envolvimento social hoje (50,0%), com seu envolvimento social quando comparados com outras pessoas da mesma idade (55,6%) e com o número de pessoas que compõem sua rede social (52,4%). A maioria dos participantes relataram elevado grau de satisfação com a vida (83,3%) e expectativa positiva com relação à vida futura (76,2%). Os idosos relatam sentir solidão (média 2,13; dp=0,22). As pessoas com maior satisfação são as que utilizam a fé/religiosidade como estratégia de enfrentamento, aqueles que não sentem solidão apresentam maior satisfação atual e tem pessoas importantes embora distantes com quem contar, quanto maior a rede de relações, menor a solidão e vice-versa.
A rede de relações sociais pode ser estudada sob vários aspectos. Dada sua importância, têm sido objeto de estudo da Psicologia: o contexto social, as interações, as escolhas, as diferenças sociais entre homens e mulheres, entre outros aspectos das relações sociais no desenvolvimento humano. Entender a evolução das relações sociais ao longo da história de vida do indivíduo é um desafio a ser ultrapassado pela Psicologia. Descrever a configuração da rede de relações sociais na vida adulta pode contribuir para entender como este aspecto influencia o processo de adaptação do desenvolvimento adulto ao longo de transições evolutivas (NOGUEIRA, 2001).
Participantes -
Esta pesquisa foi composta por três grupos etários, o grupo I era composto por indivíduos com idade entre 25 e 35 anos (33,3%), o grupo II com idade entre 45 e 55 anos (33,3%) e o grupo III com idade entre 65 e 85 anos (33,3%). Considerando as respostas das 90 pessoas, que participaram voluntariamente desta pesquisa, tem-se idade média de 49,96 (DP= 17,03) e que 72,2% são mulheres e 27,8% são homens.
Com relação ao estado civil dos sujeitos, havia um número maior de casados (70,0%) e um pequeno número de separados (4,5%), e o número de solteiros (12,2%) foi próximo ao de viúvos (13,3%). A escolaridade dos sujeitos informa que a maioria dos respondentes têm o nível superior (faculdade) (30,0%) ou ensino fundamental (primário / 1º série a 4º série) (30,0%), ensino médio (segundo grau) (24,4%), ensino fundamental (ginásio / 5º série a 8º série) (14,4%) ou nunca estudaram (1,1%).
Os participantes aposentados representam 72,2% e os que não são aposentados representam 27,8%. Os participantes que trabalham somam 35,6% e os que não trabalham, 64,4%. A maioria (63,3%) dos respondentes sustentam-se por renda própria e 36,7% com renda familiar.
Quanto ao arranjo familiar, a maioria dos respondentes moram com moram com cônjuge e filhos (50,0%), apenas com o cônjuge (14,4%), filhos (13,3%), pai, mãe e irmão(s) (8,9%), cônjuge, filhos e netos (5,6%), sozinhos (4,4% e com filhos e netos (3,3%).
MATERIAIS -
A pesquisa envolveu a utilização de quatro instrumentos que foram apresentados aos sujeitos num formulário impresso, numa única sessão de coleta de dados, em que se solicitavam respostas escritas:
Os dados foram submetidos a análise estatística descritiva e a testes não-paramétricos univariados e bivariados. Os resultados serão apresentados da seguinte forma: a)configuração da rede de relações sociais de adultos; b)satisfação relatada quanto à sua rede de relações; c)satisfação com a vida de adultos; d)relação entre a rede de relações e a satisfação com a vida.
A análise descritiva dos dados indicou que com relação ao tamanho da rede social, em média, o grupo de sujeitos entrevistados apontou 4 pessoas como membros da sua rede social, sendo consideradas muito importantes e mais próximas afetivamente (C1) uma média de 4,9 pessoas (DP=2,1), sendo 76,45% relações familiares, 50,20% mulheres e 57,24% mais jovens. São muito importantes e menos próximas (C2) a média de 4,1 pessoas (DP=1,9), sendo 57,75% familiares, 65,68% mulheres e 43,19% mais jovens e 41,32% com a mesma idade. As pessoas importantes e mais distantes (C3) são em média 3,2 (DP=2,2), 55,56% familiares, 59,65% mulheres e 46,86% com a mesma idade.
No que diz respeito à função da rede social, em relação ao apoio emocional encontrou-se que 41,46% são familiares, 60,67% com a mesma idade. Quanto ao apoio instrumental, 56,93% são familiares, 47,97% com a mesma idade e 34,05% mais jovens. Em relação ao suporte informativo, 43,33% são familiares, 56,62% com a mesma idade. Em média, 4 pessoas fazem parte da rede social como um todo e pode-se dizer que os participantes obtêm suporte emocional, instrumental e informativo principalmente de familiares e pessoas com a mesma idade.
Na comparação da composição da rede social em percentual entre os sexos masculino versus feminino, houve diferenças significativas entre os gêneros para Idade e Suporte Informativo, sexo (C2 e C3) e Relação (C3, SE e SI).
Para o sexo feminino, o C2 e o C3, recebem mais suporte de outras mulheres que o sexo masculino. São as pessoas da família que oferecem maior Suporte Emocional. Para o sexo masculino, o C2 e o C3, recebem mais suporte de outros homens do que o sexo feminino. Aceitam Suporte Informativo de pessoas mais jovens e recebem mais Suporte Instrumental dos amigos do que as mulheres.
Na comparação da composição da rede social entre as faixas etárias (25-35, 45-55, 65-85), houve diferença significativa entre faixas etárias.
Satisfação relatada com a rede de relações sociais de adultos
Com relação às relações sociais, tomando como base a situação atual, a situação atual em comparação com anos antes e a situação atual em comparação com a de outras pessoas da mesma idade tem-se que: a satisfação relatada com a rede social atual, hoje: 4,4% consideram-se pouco satisfeitos, 42,2% consideram-se mais ou menos satisfeitos e 53,3% consideram-se muito satisfeitos. Comparada com a rede social de pessoas da mesma faixa etária: 3,3% consideram-se pouco satisfeitos, 41,1% consideram-se mais ou menos satisfeitos e 55,6% consideram-se muito satisfeitos. E comparada com o numero de pessoas que compõem a rede de relacionamentos sociais: 5,6% consideram-se pouco satisfeitos, 36,7% consideram-se mais ou menos satisfeitos e 57,8% consideram-se muito satisfeitos.
Satisfação com a vida de adultos
Ao analisar os resultados da Escala de Satisfação Geral com a Vida, constata-se que 83,3% dos participantes estão satisfeitos com suas próprias vidas no momento, sendo que 35,5% colocam-se nos pontos 9 e 10 e 47,8% nos pontos 7 e 8 (Ver Figura 1). A maioria dos participantes (85,6%) também tem expectativa de vir a estar satisfeita com sua vida em futuro próximo, sendo que 65,6% das pessoas colocam-se nos pontos 9 e 10 e 20,0% nos pontos 7 e 8 da escala. (Ver Figura 2).
Houve correlação significativa entre Satisfação Atual e Tamanho do Círculo 1 e do Suporte Emocional (SE) (os com Círculo 1 e SE de maior tamanho com maior Satisfação Atual) e Satisfação Futura e Tamanho do Círculo 2 (os com Círculo 2 de maior tamanho com maior Satisfação Futura). Na comparação da satisfação com a vida e o tamanho da rede social entre os sexos (masculino versus feminino). Não houve diferença significativa entre os gêneros, apenas algumas tendências (p<0.10) a menor tamanho da rede social entre os do sexo masculino (C1N e C2N).
Na comparação da satisfação com a vida e o tamanho da rede social entre as faixas etárias (25-35, 45-55, 65-85). Houve diferença significativa entre as idades para Satisfação Futura (menor satisfação para grupo 65-85 anos em relação ao grupo de 25-35), Tamanho da Rede Círculos 2 e 3 (menor tamanho para grupo 65-85 anos em relação aos grupos de 25-35 e 45-55), e Suporte Informativo (maior tamanho para grupo 65-85 anos em relação aos demais).
Este estudo investigou a rede de relações sociais de adultos, bem como a satisfação relatada com a rede de relações sociais, sua satisfação com a vida e a associação entre bem-estar subjetivo, medido por satisfação, com a rede de relações.
Os estudos sobre integração social e bem estar na velhice, apontam para a manutenção de relações sociais com o cônjuge, com os familiares e, principalmente, com amigos da mesma geração, para favorecer o bem estar psicológico e social. A qualidade dos relacionamentos é mais importante na determinação da satisfação com a vida, com as relações, e com a saúde física e mental que a quantidade dos relacionamentos (GOLDSTEIN 1998). O suporte social pode exercer um papel essencial promovendo e mantendo a saúde física e mental (RAMOS, 2002).
Os entrevistados relataram que recebem maior suporte de pessoas familiares. Os efeitos positivos do suporte social estão associados com a utilidade de diferentes tipos de suporte fornecidos pela família (emocional ou funcional). Um dos efeitos positivos exercidos pela família na saúde está relacionado ao fato de que este suporte tende a reduzir os efeitos negativos do estresse na saúde mental. Isso na medida em que a ajuda dada ou recebida contribui para o aumento de um sentido de controle pessoal, tendo uma influência positiva no bem-estar psicológico (PRUCHNO, BURANT e PETERS, 1997; BISCONTI e BERGEMAN, 1999 apud RAMOS, 2002).
As mulheres foram apontadas com maior freqüência como compondo tais redes, com diferentes funções, o que pode estar relacionado com uma questão de gênero, como a tarefa de cuidar que geralmente é atribuída à mulher (NOGUEIRA, 2001). Mulheres de todas as idades são menos agressivas, mais solidárias, mais sugestionáveis, mais envolvidas e mais relacionadas socialmente do que os homens, essas características são positivamente relacionadas com a satisfação com vida e satisfação relativa às relações sociais (NERI, 2001a).
O apoio social que as redes proporcionam remete ao dispositivo de ajuda mútua, potencializando quando uma rede social é forte e integrada. Quando refere-se ao apoio social fornecido pelas redes, ressalta-se os aspectos positivos das relações sociais, como o compartilhar informações, o auxílio em momentos de crise e a presença em eventos sociais (ANDRADE e VAITSMAN, 2002).
Gianordoli-Nascimento e Trindade (2002), relatam que as diferenças de gênero são um produto histórico e de construção social e que as diferenças biológicas entre os sexos vão sendo apropriadas pelo social ao longo do tempo, naturalizando a diferença em todas as áreas de relacionamento que envolvem homens, mulheres e poder. Os autores citam o estudo de Hobfoll et al. (1996) que apontam que pesquisas realizadas com casais, em relação à utilização de suporte social, têm demonstrado que os homens, geralmente, têm em suas esposas, confidentes. Já as mulheres não estabelecem a mesma relação. No que diz respeito à relação conjugal, é evidenciado que os maridos buscam e encontram mais facilmente apoio em suas esposas, enquanto que as mulheres não o buscam ou não encontram reciprocidade. Os autores argumenta que tal relação se dá em função do sistema hierárquico que diferencia o papel a ser desempenhado por homens e mulheres.
Erbolato (2002) relata que os papéis sociais, as formas de comportamento socialmente determinadas que carregam consigo uma expectativa de como devem ser executadas, permitem às pessoas uma certa flexibilidade em suas manifestações, pois são reflexos da cultura de uma sociedade particular, sendo que depois de aceitos os papéis, são também adotados estilos de interação com os mesmos, alguns são escolhidos como os papéis de pais, alguns como papéis profissionais e outros são atribuídos como papéis de criança ou velho.
Silva e Gunther (2000) afirmam que embora uma pessoa possa ocupar diversos papéis ao longo do curso de vida, alguns papéis estão explicitamente relacionados à idade, e dessa forma, a experiência do envelhecimento envolve necessariamente mudança de papéis. Por isso deve-se aprender a construir os principais papéis de vida com bastante flexibilidade, de forma que eles sejam compatíveis com a etapa de vida, para que as pessoas encontrem satisfação em seus papéis e seus relacionamentos.
De maneira geral os respondentes, de todas as faixas etárias, se mostraram satisfeitos com seus relacionamentos. Neri (2001b) relata que a literatura sobre apoio social e rede de relações sociais propõe que a manutenção de relações sociais com o cônjuge, com os familiares e principalmente, com amigos da mesma geração, favorece o bem-estar psicológico e social dos idosos, os relacionamentos entre amigos idosos são particularmente benéficos, porque são de livre escolha e assim mais funcionais ao atendimento das necessidades afetivas dos envolvidos, a qualidade percebida é mais importante do que a quantidade de relacionamentos, para as relações sociais e a saúde física e mental, as relações sociais entre as mulheres são qualitativamente superiores às dos homens, porque elas têm mais habilidades interpessoais, são mais calorosas e capazes de estabelecer relações de intimidade.
Assim sendo, podemos dizer que esses dados em relação ao suporte social indicam que os idosos não se isolam, mas continuam a manter uma rede de amigos, alguns mais restritos à família que outros (DATAN, RODHEAVER e HUGHES, 1987 apud SILVA e GUNTER, 2000).
A maioria dos participantes relataram elevado grau de satisfação com a vida e expectativa positiva com relação à vida futura. Diener e Suh (1997), em uma revisão de estudos sobre o tema, indicam que o bem estar subjetivo não diminui com a idade, apesar do declínio associado à idade em recursos como saúde, situação conjugal e renda. Ao contrario, os idosos tendem a se descrever como mais satisfeitos do que os jovens, essa diferença pode ocorrer porque as novas gerações são sempre mais exigentes do que as anteriores, o que resulta em discrepância nas avaliações que os mais jovens e os mais velhos fazem de sua satisfação com a vida (FREIRE, 2000).
A satisfação com a vida é um dos indicadores de bem-estar, geralmente definido como se tendo uma boa vida e sendo feliz. O bem-estar subjetivo refere-se a avaliação, cognitiva ou afetiva, que o indivíduo faz sobre a própria vida. As pessoas experimentam abundante bem-estar subjetivo quando apresentam estados afetivos positivos, quando envolvem-se em atividades prazerosas, quando estão satisfeitos com a vida (DIENER, 2000).
As pessoas que apresentam maior satisfação com a vida hoje são aquelas que recebem mais suporte afetivo, as pessoas que contam com outras para suporte instrumental, acreditam que estarão mais satisfeitas no futuro. Pode-se observar no desenvolvimento desta pesquisa que as relações sociais e o suporte social, seja ele qual for (emocional, instrumental ou informacional) são de grande importância em todos os momentos da vida, e, sendo assim, os comportamentos se alteram de acordo com as mudanças de metas, de objetivos, de acordo com as motivações implementadas pelas tarefas evolutivas. As redes de relações são importantes fontes de suporte social e estão relacionadas ao senso de bem-estar.
Este estudo salientou a importância das relações sociais, principalmente através da família como suporte social, na saúde da pessoa adulta e idosa. Pode-se verificar a importância para o ser humano viver inserido na sociedade, sendo que esta necessidade está relacionada a sobrevivência, pois relacionar-se é de relevância vital, tendo em vista o contato com diversos tipos de pessoas. O contato com outras pessoas serve também como parâmetro para auto-avaliação e auto-conhecimento (ERBOLATO, 2001).
O suporte social é de relevante importância para o aumento da confiança pessoal, da satisfação com a vida, da capacidade de enfrentar problemas, aumenta a autoestima e a vontade de viver (ANDRADE e VAITSMAN, 2002).
Acredita-se na importância desse estudo também na reiteração de desmistificar alguns aspectos referentes à velhice, tais como, a idéia de que com o avançar da idade, os idosos diminuem suas redes de relações sociais, tornando-se menos satisfeitos com a vida. Embora muitos pensem que envelhecer significa deixar de desenvolver-se, adoecer e afastar-se de tudo, na verdade, na velhice, existem possibilidades da pessoa continuar ativa e de ter uma boa qualidade de vida (VITTA, 2000).
Os contatos sociais permitem engajamento social, que também é uma forma de se chegar ao bom envelhecimento, e uma das formas de se engajar socialmente. Segundo Freire (2000), a vida na velhice pode ser satisfatória, com qualidade e bem-estar, especialmente quando há disposição para enfrentar os desafios da vida, lutar pelos direitos dos cidadãos e pôr em prática projetos viáveis dentro das condições pessoais e do meio ambiente em que se vive.
De acordo com os resultados obtidos nesse estudo, pode-se perceber a relação que existe entre redes de relações sociais de adultos e satisfação com a vida, onde encontrou-se que, as pessoas que possuem uma maior rede social relatam ser mais satisfeitas com a vida e obter maior suporte social.
A investigação sobre as preferências e escolhas sociais, bem como sobre as funções dos participantes da rede, pode ajudar a ampliar o conhecimento acerca do processo de desenvolvimento na velhice, e apontar áreas e temas que necessitem de um número maior investigações, como por exemplo, a relação entre as redes de relações sociais e a satisfação com a vida, pois existem variáveis sociais e culturais referentes à esse tema que podem ser considerados, bem como subsidiar intervenções visando o aprimoramento da qualidade de vida de adultos e idosos e seus grupos de relações.
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