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FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO EM ESTUDANTES DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

 

Maria Alice D´Avila Becker

Nathália Matos Gomes

Maria Cristina dos Santos

Fabiano Hiromichi Makimoto

Linda Luciana Oliveira Santana

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

 MANAUS

 BRASIL

 

 

RESUMO

Este trabalho é um relato de pesquisa realizado na Universidade Federal do Amazonas, no curso de Medicina, com o objetivo de identificar fatores que influenciam os níveis de estresse, como a relação familiar e o modo de ser do estudante. Através da aplicação de um teste e um questionário elaborado para analisar fatores de riscos e proteção pudemos avaliar a maneira do estudante de lidar com o estresse da vida acadêmica. Quanto à relação familiar, 93,8% mostrou ter bom vínculo afetivo, e 81,3% declaram que têm pais preocupados com o seu futuro; 51,3% dos estudantes dizem ser uma pessoa ansiosa e 71,3% exigente. O estresse envolve um processo psicológico, definido pela percepção do individuo sobre a situação. Tem-se o comportamento individual e biológico que encontram-se contextualizados em variáveis socioculturais e que determinam a compreensão do adoecer e da saúde do indivíduo.

Palavras-chave: estresse; medicina; modo de ser; fatores de risco e proteção.

 

RESUMEN

Este trabajo es una investigación realizada en la Universidad Federal de Amazonas, en la Escuela de Medicina, con el objetivo de identificar los factores que influyen en los niveles de estrés, tales como las relaciones familiares y el modo de ser estudiante. Mediante la aplicación de una prueba y un cuestionario para analizar los factores de riesgo y protección pudimos evaluar la de lidiar del estudiante con el estrés de la vida académica. En cuanto a las relaciones familiares, el 93,8% mostró una buen vínculo afectivo, y 81,3% dice que tienen padres preocupados por su futuro, el 51,3% de los estudiantes dicen ser una persona ansiosa y exigentes el 71,3%. El estrés consiste en un proceso psicológico, definido por la percepción del individuo acerca de la situación. Tiene un comportamiento individual y biológico que se encuentra en su contexto en variables socioculturales y que determinan la comprensión de las enfermedades y la salud del individuo.

Palabras clave: estrés, la medicina; forma de ser, los factores de riesgo y de protección

 

ABSTRACT

The present work is a research report carried out in the Universidade Federal do Amazonas, in the Medicine curse, the objective was to identify factors that have influence at stress levels like the family relationship and the student´s way of being. Through the application of a test and a constructed questionnaire based on risk and protection factors we could evaluate the student´s way of dealing with the academic life stress. Related to the family relationship, 93,8% showed had good affective bond, and 81,3% have parents worried about the future; 51,3% of the students said to be an anxious person and 71,3% demanding. The stress involves a psychological process, what defines is the individual perception about the situation. At one side we have the individual and biological behavior, these are founded in a variable cultural and social that determine the understanding of the falling ill and the individual health. 

Keywords: stress; medicine; way of being; risk and protection factors.

 

INTRODUÇÃO

Selye (1936) definiu o estresse como sendo uma quebra no equilíbrio interno do organismo, já que este deve permanecer constante apesar das mudanças no ambiente externo, sendo o esforço para manter esse equilíbrio designado de homeostase.

O estressor pode ser definido como eventos de vida que alteram o ambiente e que provocam um alto padrão de tensão, interferindo nas respostas do indivíduo, podendo ser interno ou externo. Este último é algum evento ou condição externa que irá afetar o organismo, já o interno é determinado pelo próprio indivíduo, seu modo de ser – ansioso, tímido, depressivo (LIPP, 1996; MASTEN E GARMEZY, 1985).

Cada indivíduo faz uso de seus recursos internos e externos para chegar a uma resolução eficaz e adaptativa diante do impacto causado pelos eventos estressores, entre esses recursos estão as estratégias de “coping”, resiliência, auto-estima, temperamento, bem como a presença e percepção das redes sociais e afetivas por partes dos indivíduos, como o apoio familiar. O termo coping é concebido como o conjunto de estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a circunstâncias adversas; já o termo resiliência é freqüentemente referida por processos que explicam a “superação” de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações (COMPAS, HINDEN e GERHARDT, 1995; BAPTISTA e DIAS, 2001; ANTONIAZZI, 1998; YUNES & SZYMANSKI, 2001).

Para que um certo evento externo atue como um estressor, necessita primeiramente ser percebido por um dos receptores do sistema nervoso periférico e essa mensagem levada pelos sistemas sensoriais até o cérebro, sendo então integradas com as representações anteriormente adquiridas pela pessoa em decorrência de sua história de vida. Deste modo, a avaliação de um determinado evento como bom, mau ou amedrontador depende do valor e da interpretação que o sistema límbico lhe oferecer. O evento em si, percebido pelos órgãos sensoriais, é interpretado de acordo com a história de vida do ser humano, de seus valores e de suas crenças. A reação de estresse desenvolve-se quando a interpretação sinalizar para o organismo a presença de um evento que exija alguma ação protetora (LIPP, 2001).

            No entanto, mais importantes que os estímulos tidos como estressores, são os estímulos estressores avaliados e julgados como tais pelas diferentes pessoas. Isto provém da chamada sensibilidade afetiva, pessoal e particular de cada um, constituindo um conjunto de mecanismos dos quais o organismo lança mão em reação aos agentes particularmente tidos como estressores, caracterizando a forma como cada pessoa avalia e lida com estas situações. Essa sensibilidade pessoal à realidade explica por que se avalia de diferentes formas as situações tidas como desafiadoras, enfrentando-as ou não, e reagindo a elas de maneiras e particularidades muito pessoais, “permitindo” assim que elas exerçam maior ou menos repercussão sobre o organismo.

Segundo Brannon e Feist (1992) o estresse envolve um processo psicológico, o que define é a percepção do individuo sobre a situação, percepção esta que pressupõe avaliação psicológica e envolve perigos, ameaças e desafios, bem como o sentimento de ser possível (ou não) manejar a situação.

O interesse pelos processos de adaptação iniciou-se no século XIX, com o estudo de Sigmund Freud sobre mecanismos de defesa, para ele, o conceito de defesa era como o conjunto de mecanismos psicológicos por meio dos quais o indivíduo distorce particularmente a realidade, para enfrentar sentimentos de ansiedade. Anna Freud em 1936 publicou um trabalho nessa linha investigativa, introduzindo a noção de que os indivíduos desenvolvem mecanismos preferidos para manejar o estresse, sendo estes ligados a certos tipos de personalidade.

Fatores de proteção não são experiências, mas referem-se às qualidades do indivíduo como pessoa, tais como o padrão de estressores, as diferenças individuais causadas por fatores constitucionais e ambientais, experiências compensatórias fora de casa, o desenvolvimento da auto-estima, oportunidades, grau apropriado de estrutura e controle, a presença de vínculos e relacionamentos íntimos, e a aquisição de habilidades de coping.  Já os eventos considerados como risco são obstáculos individuais ou ambientais que aumentariam a vulnerabilidade da pessoa para resultados negativos no seu desenvolvimento (RUTTER, 1987).  

Assim, a visão subjetiva de um indivíduo a determinada situação, ou seja, sua percepção, interpretação e sentido atribuído ao evento estressor é que o classificará ou não como condição de estresse. Por essa razão, um evento pode ser enfrentado como perigo por um indivíduo e para outro, ser apenas um desafio (YUNES & SZYMANSKI, 2001).

Segundo Clark (2003), o curso médico freqüentemente exerce efeitos negativos no desempenho acadêmico, na saúde e no bem-estar psicossocial do estudante; sendo assim, é importante considerar não só a imensa quantidade de fatores potencializadores do estresse, mas também os aspectos individuais, a maneira como cada um reage às pressões cotidianas, bem como aspectos culturais e sociais aos quais os sujeitos estão submetidos, pois em suas sociedades, eles tentam atingir metas definidas, níveis de prestígio e padrões de comportamento que o grupo cultural impõe e espera de seus integrantes, de maneira que uma frustração na realização desses aspectos pode desencadear o estresse (HELMAN, 1994).

Uma relação satisfatória com a atividade acadêmica é fundamental para o desenvolvimento nas diferentes áreas da vida humana e esta relação depende, em grande escala, dos suportes afetivos e sociais que os indivíduos recebem durante seu percurso profissional. Este tipo de apoio provém de relacionamento com pessoas com as quais é possível compartilhar preocupações, amarguras e esperanças, de modo que a sua presença possa trazer sentimentos de segurança, conforto e confiança (KRISTENSEN, 2002). Para Gazzoti e Vasques-Menezes (1999) a fragilidade emocional provocada pela falta dos suportes afetivo e social traz grande sofrimento, uma vez que o reflexo dessa situação não fica restrito à vida privada, ampliando-se para a vida acadêmica.

Tendo em vista o despreparo do aluno de Medicina manauense e não-manauense, ou seja, acadêmicos com e sem apoio e presença das redes familiar, social e afetiva, para lidar com as situações estressantes e que isso pode influenciar na sua vida pessoal e acadêmica, este trabalho torna-se útil para a melhoria do desenvolvimento acadêmico desses estudantes.

 

OBJETIVOS

Objetivo Geral

     Identificar fatores que influenciam os níveis de estresse nos estudantes de medicina da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) relação familiar e modo de ser do estudante.

Objetivos Específicos

     -Identificar a presença de estresse em estudantes de medicina;

     -Analisar as características dos estudantes de medicina, seu modo de ser e de lidar com o estresse;

     -Analisar a relação que o estudante possui com sua família;

     -Analisar como o estudante age, suas estratégias frente ao curso.

 

METODOLOGIA

O trabalho aqui descrito foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/UFAM, em reunião ordinária no dia 23 de junho de 2005.

O trabalho foi realizado no período de Setembro de 2005 a Setembro de 2006 com 61 acadêmicos homens do curso de Medicina da UFAM de diferentes períodos, tendo todos os voluntários incluídos na pesquisa assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A).

Os instrumentos utilizados para avaliação psicológica foi um questionário elaborado e um teste psicológico.

O questionário formulado contém um quadro de identificação, com dados referentes à: idade, naturalidade, estado civil, número de filhos, período de faculdade e telefone para contato. O questionário é objetivo e engloba questões relacionadas ao modo de ser e à relação familiar, sendo composto por fatores de risco e proteção (Apêndice B).

O teste psicológico utilizado para avaliar a presença de estresse foi o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp – ISSL (2001). 

Observação: A amostra foi composta apenas por homens devido à oscilação freqüente de humor nas mulheres devido ao ciclo hormonal.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

            Os estudantes que participaram desse estudo são, na maioria: manauenses, solteiros, sem filhos, periodizados no terceiro, quinto e sexto semestre (Tabela  01) com idade variando entre 19 a 28 anos.

 

n

%

Período Acadêmico

 

 

  3º, 5º ou 6º

39

63,9%

  4º, 7º, 8º ou 9º

22

36,1%

Cidade

 

 

  Manaus

32

54,2%

  Outras

27

45,8%

Estado Civil 

 

 

  Solteiro

57

93,4%

  Casado

4

6,6%

Filhos

 

 

  Sim

7

11,5%

  Não

54

88,5%

Total

61

100%

Tabela 01 – Dados básicos do grupo de estudo

Fonte: Pesquisa de Campo

 

Quanto ao Teste Psicológico Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp, foi verificado que 39,3% não possuem estresse e 60,7% dos estudantes possuem, sendo que até aos 23 anos representam 87% dos estudantes estressados

Quanto ao Questionário, primeiramente, caracterizaremos o modo de ser do estudante de medicina, podendo assim compreender melhor sua maneira de lidar com o estresse. Seguem-se os resultados mais significativos dos 24 itens referentes ao modo de ser citados pelos estudantes:

Gráfico 1 – Questões referentes ao Modo de Ser
Fonte: Pesquisa de Campo

O gráfico acima (1) mostra uma característica importante do estudante de medicina, pois respondem possuir grande flexibilidade de adaptar-se a mudanças, o que pode ser um indicador de que mantém controle pessoal sobre eventos externos da vida, conferindo aos estudantes com essas características, uma resistência a doenças e ao estresse.

 

Gráfico 2 – Questões referentes ao Modo de Ser
Fonte: Pesquisa de Campo

Segundo uma pesquisa feita por Ayres (1994) constatou-se que as fontes internas de estresse, a forma como os indivíduos pensam e comportam-se estão, muitas vezes, presentes nos hipertensos, sendo identificadas por incrível dinamismo, sensação de urgência de tempo, hostilidade expressa ou reprimida, busca de realizações e competitividade. Algumas pesquisas possibilitaram relacionar o comportamento inassertivo com os hipertensos, a dificuldade em expressar seus sentimentos se traduz em aparente inabilidade social. Este bloqueio de afetividade (capacidade de sentir e reconhecer os sentimentos e de expressar sensações segundo Lipp [2000]) é uma importante fonte interna de estresse. As habilidades sociais se mostram como recursos indispensáveis para realizar atividades fundamentais da vida como nos relacionamentos interpessoais, na construção de amizades e desenvolvimento de redes sociais entre outras coisas, e estas por sua vez estão associadas a melhor saúde física e mental, ao sucesso profissional e a maior realização pessoal.

Ainda na pesquisa de Ayres (1994) evidenciou-se a alta discriminação das emoções e a sutileza como características das mulheres, o que parece ser função de uma aprendizagem desde a infância, em que a mulher é educada, geralmente, para ser mãe, esposa e dona de casa, desenvolvendo mais e aprimorando a área afetiva, utilizando-se mais das emoções em comparação com os homens. Os homens são educados com maior rigidez, com o propósito de competir e alcançar o sucesso profissional, voltando-se para o uso da razão, e suas expressões de emoção são, em geral, ignoradas e até punidas. Com respaldos nessa pesquisa podemos justificar os resultados obtidos, 62,5% da população estudada (homens do curso de Medicina) não têm facilidade de expressar seus sentimentos, sugerindo uma estreita relação entre a expressão dos sentimentos e o estresse. Um fato interessante foi a porcentagem (60%) de estudantes que tinham facilidade de comunicação, um fator de proteção, que se aproximou bastante do número de indivíduos que não tinham estresse.

Sobre o senso de humor e hobbies temos que:

Gráfico 3 – Questões referentes ao Modo de Ser
Fonte: Pesquisa de Campo

O elevado número de pessoas sem estresse nos faz pensar no uso de um maior número de estratégias, ou seja, fatores de proteção que permitem ao estudante “driblar” o estresse acadêmico, entre estes os mais expressivos foram: tem senso de humor com 92,5% e tem muitos hobbies com 83,8%. Segundo Lipp (2000), atividade como ter hobbies, vida social, são usadas frequentemente como estratégias por portadores de HIV, sendo a estratégia de manter a auto-estima elevada mencionada por todos dentre os participantes do grupo, bem como a presença de relacionamentos familiares. Através da mesma pesquisa, relatou-se que quanto maior foi o número de estratégias utilizadas pelos portadores de HIV menor foi o número de sintomas apresentados, ou seja, o uso regular de estratégias para melhor lidar com o estresse e controlar a ansiedade favoreceu uma melhoria na qualidade de vida.

Quanto ao modo de ser do estudante, são resultados relevantes:

 

 

 

 

Gráfico 4 – Questões referentes ao Modo de Ser

Fonte: Pesquisa de Campo

 

Aspectos importante a se considerar quando se avalia o estresse no estudante de medicina é a presença de características inerentes à ele, sua forma de lidar com os problemas, o que pode torná-lo mais ou menos vulnerável ao estresse, como por exemplo se o aluno possuir característica perfeccionista, experimentando sentimentos de fracasso, desesperança, ansiedade, raiva e desespero, quando acredita falhar ou não corresponder às expectativas nele depositadas (BLATT, 1995; FLETT et al, 1995). Essas pesquisas relatam que alunos de desempenho escolar melhor estão em um grupo de alto risco de suicídio, conjeturando que pessoas mais exigentes estariam mais propensas a sofrer pressões impostas diante de qualquer falha. Nos resultados obtidos verifica-se que mais da metade (51,3%) considera-se uma pessoas ansiosa, 60% vêem as coisas como desafio e 71,3% é exigente, são todas características individuais que revelam a maneira que os estudantes lidam com o estresse.

Quanto à relação familiar do estudante e seu modo de ser:

 

 

 

 

 

 

Gráfico 5 – Questões referentes ao Modo de Ser

Fonte: Pesquisa de Campo

 

O aluno na universidade assume atividades rotineiras, como comprovado no Gráfico 5 (70%), estas envolvem alto desempenho e concentração de esforços voltados para uma rotina de estudos constantes e crescente, podendo isto tornar-se uma fonte de estímulos estressores, o que pode dificultar o acesso às habilidade acadêmicas necessárias ao estudante, mas ao mesmo tempo mostra que o alto nível de exigência de estudo requer estratégias de organização.

No entanto, a afirmação de que os estudantes de medicina da Universidade Federal do Amazonas têm em sua grande maioria (93,8%), um bom vínculo afetivo com sua família significa um importante fator de proteção. Entre eles estão também: coesão e estabilidade familiar (ausência de conflitos, de negligência), respeito mútuo, apoio/suporte; laços afetivos dentro da família (pais, irmãos, esposo (a), companheiro (a)) que ofereçam suporte emocional em momentos de estresse é de extrema valia quando se trata do despreparo do estudante de Medicina para lidar com o estresse acadêmico.

Contudo, a expectativa construída em torno do estudante surge neste contexto como um fator de risco muito significativo, pois esta expectativa corresponde também a um certo grau de tensão sobre o estudante que se sente pressionado, com medo de fracassar, de decepcionar seus pais e familiares, de não alcançar seus objetivos nem as metas as quais à ele foram impostas, seja pelos parentes ou pela sociedade. Este fato é evidenciado no Gráfico 5 que corresponde ao item relacionado aos fatores familiares: Seus pais são preocupados com o futuro?, sendo este assinalado por 81,3% dos estudantes.

 

CONCLUSÃO

Visto que diante dos fatores potencialmente geradores de desequilíbrio para cada individuo, os mecanismos de proteção são tomados como o ponto chave necessário para o restabelecimento do equilíbrio perdido, e que os mesmo estressores podem ser experienciados de maneira diferente por diferentes pessoas, portadoras destes mecanismos, foi de grande relevância a inclusão destes fatores no questionário, bem como a relação familiar, fonte de suporte social e emocional, quando bem definida tornam-se fatores de proteção contra o estresse, neutralizando os fatores de riscos, que tornam o aluno mais vulnerável, mais suscetível ao estresse.

Contudo, a educação médica é considerada uma experiência estressante, podendo ter um forte impacto em uma população jovem, como a utilizada nesta pesquisa, o que pode vir a prejudicar a formação desse profissional. Dada a dificuldade em modificar essas condições estressoras do curso, resta a implementação de programas que auxiliem o estudante a lidar com as dificuldades da vida acadêmica (CATALDO NETO et al, 1998).

Estes programas podem auxiliar o aluno a identificar os fatores de risco para o surgimento de estresse e a reconhecer em si a ocorrência de eventuais dificuldades e a utilizar estratégias adequadas para lidar com elas (CLARK, 2003).                        

Espera-se que os resultados da presente pesquisa possam contribuir para a implementação destes programas em faculdades de medicina, dado o apoio psicossocial que o estudante necessita para uma boa formação médica.

 

REFERÊNCIAS

ANTONIAZZI, A.S.; DELL AGLIO, D.D.; BANDEIRA, D. R. (1998). “O Conceito de Coping: Uma Revisão Teórica”. Estudos em Psicologia, v. 3(2), p.273-294.

AYRES, A. M. M. (1994). Stress e afetividade nos hipertensos. Em M. Lipp (Org.), Pesquisas sobre stress no Brasil: Saúde, ocupações e grupos de risco (pp.71-81). São Paulo: Papirus,.

BAPTISTA, M. N., et al. (2001). “Estrutura e suporte familiar como fatores de risco na depressão de adolescentes”. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 21, p. 52-61.

BLATT, S. J.(1995). “The destructiveness of perfectionism: Implications for the treatment of depression”. American Psychologist, v.50, p.1003-1020.

BRANNON, L. e FEIST, J. (1992). Health Psychology: An introduction to behavior and health. Califórnia: Wadsworth Publishing Company.

CATALDO NETO, A.; CAVALET, D.; BRUXEL, D.M.; KRAPPES, D.S. & Silva, D.O.F. (1998). O estudante de medicina e o estresse acadêmico. Revista de Medicina da PUCRS, v.8(1), p.6-12.

CLARK, C. et al. (2003). “Avaliação do estresse e das habilidades sociais na experiência acadêmica de estudantes de medicina de uma universidade do Rio de Janeiro”.Interação em Psicologia, v. 7, p. 43-51.

COMPAS, B. E., HINDEN, B. R. e GERHARDT, C. A. (1995). ”Adolescence Development: Pathways and processes of risk and resilience”. Annual Review of Psychology, v. 46, p. 265-293.

FLETT, G. L.; SAWATZKI, D.L. & HEWITT, P.L. (1995). “Dimensions of perfectionism and goal commitment: A further comparison of two perfectionism measures”. Journal of Psychopathology and Behavioral Assesment, v.17, p. 111-124.

GAZZOTTI, A.A. e VASQUES-MENEZES, I. (1999). Suporte afetivo e o sofrimento psíquico em Burnout. W. Codo (Org), Educação Carinho e Trabalho, p.261-266. Rio de Janeiro: Vozes.

HELMAN, C. G. (1984). Cultura, saúde e doença. Porto Alegre: Artes Médicas.

KRIESTENSEN, C.H. et al. (2002). Estresse Ocupacional e Síndrome de Burnout no Exercício Profissional da Psicologia. Centro de Ciências da Saúde Núcleo de Neurociências. Brasília.

LIPP, M. (1996). Stress: Conceitos Básicos. M. Lipp (Org.), Pesquisas sobre stress no Brasil: Saúde, ocupações e grupos de risco, p. 17-31. São Paulo: Papirus.

LIPP, Marilda Novaes (2000). Manual do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). São Paulo: Casa do Psicólogo.

LIPP, M. E. N. e MALAGRIS, L. E. N. (2001). O stress emocional e seu tratamento. Ed. B. Range, Terapias Cognitivo-comportamentais: um diálogo com a Psiquiatria, p. 475-489. São Paulo: Artmed, 2001.

MASTEN, A. S. e GARMEZY, N. (1985). Risk, vulnerability and protective factors in developmental psychopathology. Lahey. B. B. e Kazdin, A. E. Advances in clinical child psychology 8, p. 1-52. New York: Plenum Press.

RUTTER, M. (1987). “Psychosocial resilience and protective mechanisms”. American Journal of Orthopsychiatry, v. 57, p. 316-331. 

SELYE, H. (1976). Stress in Health Disease. Butterworth. Boston.

YUNES, M. A. M. & SZYMANSKI, H. (2001).Resiliência: noção, conceitos afins e considerações críticas. Em J. Tavares (Org.), Resiliência e educação (pp. 13-42). São Paulo: Cortez.

 

APÊNDICES

Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

 

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PESQUISA CLÍNICA

 

Nome do voluntário (a):___________________________________________________

 

  1. Título do Trabalho Experimental

ESTUDO COMPARATIVO DO ESTRESSE EM ESTUDANTES DE MEDICINA: ASPECTOS IMUNOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS

 

2.             Justificativa

A expressiva mudança nos níveis da sociedade, situações diárias e exigências impostas às pessoas pela vida moderna – levando a freqüente situação de conflito, ansiedade, angústia e instabilidade emocional – exigem do ser humano capacidade de adaptação física, mental e social (BALLONE,1999).

O estresse psicológico pode afetar as respostas imunológicas e inflamatórias de maneira positiva, como em situações de “luta ou fuga”, ou negativa, causando imunodepressão. Muitos estudos sugerem relações psiconeuroendocrinológicas na vigência deste estresse causando alterações na concentração de substâncias sangüíneas, porém há uma menor abordagem acerca da composição salivar.

A necessidade de adaptação às contínuas mudanças que ocorrem em nossas vidas e a existência de poucas referências correlacionando a imunoglobulina da classe A salivar com o estresse, e nenhuma referência acerca das classes G ou M, justifica o nosso interesse por esta pesquisa.

 

3.             Objetivo e Procedimentos

Correlacionar o fluxo salivar e os títulos das imunoglobulinas das classes A, G e M presentes na saliva de estudantes de Medicina manauenses e não-manauenses, da Universidade Federal do Amazonas, com os dados obtidos nos questionários e no teste psicológico aplicado nesses acadêmicos.

O questionário e o teste psicológico ISSL serão aplicados simultaneamente à coleta de amostras de saliva em dois momentos: no início e no fim do período letivo, durante as avaliações finais desses estudantes.

 

  1. Desconfortos e Riscos

O presente estudo não apresenta risco aos voluntários.

 

  1. Benefícios esperados

                Maior entendimento na correlação entre estresse, com o fluxo salivar e com os títulos de imunoglobulinas salivares das classes A, G e M.

 

6.             Forma de assistência e responsável

Dúvidas relacionadas à pesquisa, quanto aos procedimentos, por exemplo, poderão ser esclarecidas pelas pesquisadoras, a qualquer momento.

Informações atualizadas sobre a pesquisa serão prestadas, mesmo que isso afete a vontade do voluntário em continuar a participar na pesquisa.

 

  1. Esclarecimento sobre a metodologia

O teste psicológico – Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL, 2000) será aplicado duas vezes, uma no início do período letivo e outra no fim. As aplicações dos questionários, para avaliação do humor, serão feitas juntamente com as coletas das amostras de saliva (no início do período letivo, quando o aluno retorna das férias escolares; durante e no final do período acadêmico, quando são aplicadas as avaliações finais).

As amostras de saliva serão imersas em gelo e enviadas ao Laboratório de Imunologia, do Instituto de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Amazonas, para a titulação de anticorpos das classes IgA, IgG e IgM pelo método Dot-ELISA.

Os resultados obtidos neste trabalho poderão ser publicados em jornais ou revistas científicas.

 

  1. Liberdade de recusar ou retirar o consentimento sem penalização ou falta de tratamento.

O participante desta pesquisa tem a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo sem prejuízo de ordem pessoal-profissional com os responsáveis pela pesquisa. Pede-se apenas que seja comunicado para as pesquisadoras por alguns desses contatos: Marilise – 9985-9247 / 656-1991 ou Nathália – 9146-8916 / 236-2423.

  1. Garantia de sigilo e privacidade

As pesquisadoras asseguram a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa.

 

  1. Forma de ressarcimento e indenização

O estudo não ressarcirá ou indenizará os participantes da pesquisa, pois não apresenta riscos ou custos aos voluntários.

 

 

  1. Consentimento

 

Eu,_______________________________________________________certifico que tendo lido as informações acima e suficientemente esclarecido (a) de todos os itens pela pessoa responsável pela pesquisa, estou de pleno acordo com a realização dos experimentos. Assim, eu autorizo a execução do trabalho de pesquisa, exposto acima, com a coleta da minha amostra de saliva e resposta aos instrumentos de Psicologia – teste e questionário.

 

Manaus,____de _____________________de 2005.

 

 

Apêndice B – Questionário

Nome: _________________________________________________________               

Naturalidade: ___________________________

Período que está cursando: _________  Estado Civil: ________________________  

Número de Filhos: __________  Telefones:_________________________________

 

Quanto à você:

1(   )tem muitos hobbies (namorar, ver filmes, sair à noite, gosta de música, arte, etc.)

2(   )utiliza o tempo livre para praticar esportes, não abre mão do lazer

3(   )segue uma rotina durante a semana

4(   )sente-se competente, que suas tarefas estão sendo bem sucedidas

5(   )considera-se uma pessoa com boa auto-estima

6(   )costuma ver as coisas como desafio

7(   )tem facilidade de expressar seus sentimentos

8(   )quanto à sua religião, você é praticante, espiritual

9(   )passou ou está passando por conflitos conjugais/término de namoro

10(   )é uma pessoa desorganizada

11(   )rejeita novas idéias

12(   )é exigente

13(   )é vingativo

14(    )no momento considera seu rendimento baixo

15(   )no momento considera-se com um baixo nível de tolerância

16(   )tem facilidade de comunicação

17(   )tem dificuldade de seguir regras/normas

18(   )tem senso de inferioridade

19(   )tem pensamento divergente das outras pessoas

20(   )tem a mente aberta, é flexível, maleável

21(   )consegue controlar as emoções

22(   )tem senso de humor

23(   )passou por alguma trauma nos últimos tempos

24(   )considera-se uma pessoa ansiosa

 

Quanto à sua família:

25(   )tem bom vínculo afetivo

26(   )é amoroso com ela

27(   )ela participa de sua vida acadêmica

28(   )tem boa comunicação (aberta) com os pais

29(   )são preocupados com o futuro

30(   )tem doença na família

31(   )seus pais são separados


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